domingo, abril 13, 2014

A beleza do normal

Há dias que precisam ser contados. Dias comuns, dias sem novidade alguma. Dias normais. E quem diria, eu - anormalmente - iria falar de normalidade. Quem acredita? Quem me conhece, oras! 

Naquele calor entediante, sol me liquefazendo, eu "escorro" pro mercado. Quase como atividade masoquista, escolho fazer compras no auge do meio-dia. Explico: teve jogo de volei na TV. Outra descoberta: prefiro esportes à reuniões acadêmicas-filosóficas-revolucionárias-salvadoras da mundo... Ah, quanto orgulho de mim!

O preço assusta. Os produtos não atraem. A cesta vai crescendo. Esbarro numa promoção. Taurino por natureza, desconfio. Mas eram só pequeninas bebidas lácteas de café gelado. Uma gostosura! Quem levasse dois, ganha um. Explico "again": comprando dois produtos, concorria ao sorteio de uma mochila. Bonita, não fosse as cores da copa. Felizmente o azul prevalece. Mochila de trilha. Deu aquela saudade apertada do Anhagava e do Itupava. Pensei: Ora, no meu atual estado de amante esportista (as corridas nem incomodam tanto o coração, não se pode dizer o mesmo dos joelhos, mas isso é uma outra história) aquele saco de viagem me cairia muito bem. 

Imediatamente pus as duas bebidas na cesta. Mais uma olhadela nos produtos em promoção e a decisão segura de que é melhor evitar gastos desnecessários. Poupar é um verbo que exerce atração sobre mim.Fui à caixa e a alegria primeira: não tinha fila! Um bom-dia sulista foi meu cumprimento. Crédito ou débito? Aquele cartão azul só permite débito, e o que isso tem demais? Tem eu! Eu. Só eu. Paguei, peguei meus mais novos pertences, ou na linguagem marxista, minhas mercadorias e perguntei onde pegava meu cupom. Na recepção. Fui até lá. 

O suor jorrando de mim tal qual fosse eu um geiser humano não me impediram de completar a árdua tarefa: buscar meu cupom. Avistei a moça da recepção e perguntei da promoção. Trabalhadora de fim de semana me respondeu sem muita amistosidade: qual concurso? Informei a marca. Ela pede a nota fiscal (depois de uma leve má-vontade encontra meus produtos adquiridos) e me dá o cupom. Antes, contudo, vem a inquisição: a identidade moço! E num simples passe de mágica, da minha cartola-carteira não tirei o coelhinho (defendo animais e condeno estas práticas). A magia era: a mochila era bônus. A vitória já é minha. 

Preenchi o cupom. Coloquei-o, um tanto encharcado, na urna. Juntei minhas compras e fui me liquefazer mais um pouquinho. Como outro dia qualquer, um dia feliz. 
Um dia normal.







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