quinta-feira, dezembro 15, 2011

“E isso não tem importância?”

Queria apenas que o mundo me deixasse dormir. Nem estou falando de acordar.
Estou sem coragem. Cansado. Como o principezinho, o pôr-do-sol era pra ser minha companhia...
Hoje não há muito que dizer. Pra quê? Não há ouvintes. Ah! Acho que estou me repetindo. Hora de calar.
Porque perguntas aqui me importunando? A resposta: não há nada melhor do que um final de semestre para acordar minha vontade de escrever. E não digo todos os intermináveis trabalhos.  Sou bem menos que todos os estudantes. Falo de outra identidade... Outro local. Sou daquela margem distante, de quem não pertence. Então sou?
Não há sono para um guerreiro. Meu escudo é a força. Ainda assim, é tudo que me sobra. Estou rasgado. Tenho a culpa de uma existência. Consigo (de vez em quando) aos olhos incautos “passar por” SER humano.  A tropa defensora daqueles e daquelas reais me desvela. Não há segredo em minha carne. Meu silêncio ofende a hierarquia dos costumes. Minha sombra incomoda. Minha verdade (em face) azucrina. Meu caminho desestabiliza. As normas me escapam. E minha punição é ser desvendado pelo instinto protetor da verdade! Por que não falar de minhas experiências? Afinal, sou números em tratados médicos e psicológicos, sou objeto da “ciência”, então,  como ouso não ceder-me por completo aos desejos do Saber? Era só vizibilizar-me e tudo estaria mais fácil! Cada um em seu lugar e todos contentes. Meu erro é a mania de querer direitos!!!
Então estou aí. Sou isso mesmo. Sou aquilo que não se nomeia e não se sabe o porquê? São muitas as teorias que me definem, há para todos os gostos - biologicistas até as mais filosóficas - passando é claro pela explicação teológica: sou PECADO. Se fruto, obra ou o próprio pecador, ainda não resolveram.
Sou isso mesmo. Sou aberração das mais impossíveis. Pra dizer a verdade, não sou de verdade. Sou reinvenção. Sou anormal. Sou crime e pecado porque teimo em existir (mesmo contra vontade própria). Sou a eterna TRANSmutação. E ainda assim, meu TRANSitar é tão ofensivo! Porque meus sonhos são desonra? Porque TRANSgredir  é tão perigoso às pessoas de bem?
Não era por vergonha. Era cuidado e cansaço. Minha voz é silêncio porque oras, tenho medo! E como meu amigo Renato dizia: “Eu preciso e quero ter carinho, liberdade e respeito,
chega de opressão, quero viver a minha vida em paz, quero um milhão de amigos”... Era só por isso!
Afinal, como já disse antes inspirado neste menino bonzinho, “na minha escola, eu só queria ser GENTE de verdade”.