domingo, janeiro 18, 2015

Um bastardo guerreiro

Entre leituras e sonhos, encontro meu nome. São os doces sons das batalhas da outra Terra que me elevam. 
Após os 180 minutos, ou melhor 360, não deixei a sala. Quase solitário - como tinha que ser - permaneci insólito, imóvel, absorvendo a canção-transporte. 
Sou deste mundo. Daquele. As runas em minha pele são a promessa da eternidade. 
Tudo aqui me entendia. Incomoda. Sorrisos e alegrias profanas. A unidade social mais que me irrita, desprezo-a.
Não vejo a hora de dizer o último adeus. Embora não sejam meus amigos.
Sempre suspeitei de quem diz irmãos à amigos. Família me aborrece. 
Sou bastardo. 
Sou solitário. 
Sou do frio. 
Não faço e nunca farei parte da horda festeira que nada sabe de heróis e suas lutas. 
E quem nos leva? A quem cantamos às vitórias? 
Onde há de haver o campo em que nossas espadas encontrem serventia?
Certamente longe desta terra improvável, de patriotismo idiota, laços violáveis como os bolsos de seu povo. Suas festas abobadas, movidas a cristianismo e as pífias músicas de feriados. Terra de tolos!
Odeio privilégios e privilegiados. Crianças e toda a sua suposta beleza. Velhos e toda a sua sabedoria ignóbil. 
Sou do mundo dos homens. E cada dia preciso mais desta virtude masculina. Da força viril, da lealdade camarada e das risadas do mundo entediado. A morte não nos espera. Ela é nosso caminho. Que seja longo! Brindemos!
Gosto da masculinidade honrosa. Não tenho paciência para a moda dos dias de hoje, em que todos são tudo, e com isso, na verdade nada são. Basta conhecer filosofia. 
Sou maior. Sou filho da espada. Nada sei das famílias sanguíneas. Os clãs são patéticos aos olhos dos soldados. Feitos para serem pilhados.
Se muitos tem nomes, eu tenho O sobrenome. 
Sou GUERREIRO. 
Ainda assim, bastardo. 

Obrigado amigos.