terça-feira, março 31, 2015

Nesta lua crescente

De frente prum hotel enxergo a doce tristeza da solidão. Sem meus olhinhos azuis me contando em afagos que sou mais. 
Enfim nasceu da necessidade de responsabilidade ser irresponsável!
Chegando no últimos 19 anos estou só. Destruído. Queria ouvir vozes, acordar e saber que tudo passou. Ainda assim, não posso desistir. E lá estarei novamente, espada, escudo e a força de todos os que vieram antes. 
Aguardo ainda o reencontro com os amigos verdadeiros. 
Talvez eu fique muitos dias sem falar. Não há voz sem ouvir-se. 
Haveria ainda esperança se lesse emails ou uma pequena mensagem. 
Não haverá. Nunca haveria. Quem sempre lê e não responde?
Porque? 
Onde estaria minha paz?
Que o sono seja o companheiro inseparável. Se pudesse escolher, meu casamento inviolável seria com ele. E dormiríamos para todo o sempre!
Não me deixe, não me esqueça. Este é um pedido, ainda que improvável, não sou bom em probabilidades. Longe alguém ouve?

"As coisas que amamos nos destroem todas as vezes, rapaz. Lembre-se disso." George R.R. Martin. 

terça-feira, março 17, 2015

A tragédia pessoal

Eu não sei nem mais o que dizer. Sei tão pouco. O que sei é que agora eu preciso dos meus amigos Fernando e Renato. Preciso ouví-los de perto. Hoje longe é um lugar que existe.

Ser supérfluo é terrível. Minha história é disso. Rompe-me o silêncio e a porta da rua estará lá. E agora não tenho alternativas. É tudo tão fácil na terra das facilidades...

Como será ser desta casta? "Oh, você me abusou!" E o que é abuso?

Do que se trata a amizade? De que se trata a maldade? Donde estava a lealdade e cumplicidade? De um resto que restou?

Meus olhos não fecham. Minha alma não abre. Meu peito estoura. Onde está o ácido?

Queira por favor apagar as luzes. O show (de horrores) acabou.

E como Ela, somente eu saberei o porquê. Mas não haverá uma infância a ser perdida em acusações.

Minha história não tem personagens.

Me esperem amigos.

quarta-feira, março 11, 2015

Porque Bernardo Soares sabe o que é ser Pessoa

"Sinto o tempo com uma dor enorme. É sempre com uma comoção exagerada que abandono qualquer coisa. O pobre quarto alugado onde passei uns meses, a mesa do hotel de província onde passei seis dias, a própria triste sala de espera da estação de caminho de ferro onde gastei duas horas à espera do comboio — sim, mas as coisas boas da vida, quando as abandono e penso, com toda a sensibilidade dos meus nervos, que nunca mais as verei e as terei, pelo menos naquele preciso e exato momento, doem-me metafisicamente. Abre-se-me um abismo na alma e um sopro frio da hora de Deus roça-me pela face lívida.
O tempo! O passado! Aí algo, uma voz, um canto, um perfume ocasional levanta em minha alma o pano de boca das minhas recordações… Aquilo que fui e nunca mais serei! Aquilo que tive e não tornarei a ter! Os mortos! Os mortos que me amaram na minha infância. Quando os evoco, toda a alma me esfria e eu sinto-me desterrado de corações, sozinho na noite de mim próprio, chorando como um mendigo o silêncio fechado de todas as portas."

quarta-feira, março 04, 2015

Meu sorriso continua de óculos escuros

Cansaço.

Muito. Tantas notícias. E aquela tradicional pose final não houve. 
Minha tranquilidade refletindo minha coragem. Pois que é minha sorte.
Volto para as origens para poder licenciar. Falta tão pouco.
Acabou mesmo?
Em meio há tanto desencontro, o melhor momento do dia é a viagem. Suor, esforço, canções, sorrisos e duas rodas. Acelero não em busca da pressa, quero a vida. Mais leve. E quando será?
Aqui sou o intruso. Isto. Minha presença indesejável é foco de problemas. 
Quero tanto sair. De tudo. 
Lembro dos agradecimentos. E a masculinidade sendo reverenciada, dado que ao ser vivida, me pertence trazendo outros ares. 
Conversas, risadas, cerveja, leveza. Amizades. Como são diferentes. Agora são minha escolha.
Quero sair. Preciso.
Quero ouvir o dia e a noite sem perturbar e ser perturbado. 
Quero ser amigo, não apenas para ouvir. Quero voz. 
É tão pouco as promessas. Não me interessam. Quero mais.
Pra melhorar, soube daquela socióloga nada tropical. Como me encanta ver sabedoria em palavras. Genial sua interpretação. Alguns segundos e me estimula conhecer seus tons. 
Me cansa essa reprodução do mais do mesmo, dos jargões, das disputas egóicas e perversas e me incomoda sua maldade. E o senso comum refinado ganhando ares de ciência. Paciência zero.
Enfim, faz dias, mas hoje em especial, queria apenas um abraço. Queria conversar longamente. Queria saber, como descobri que Eva Illouz também concorda comigo, que não há nada que seja mais perseguido que a maravilhosa certeza (ainda que passageira) de que somos singulares.

Se eu pudesse, eu pediria. Um abraço e uma conversa. 
Mas e alguém ouve? Pior, e alguém quer me ouvir?